Curso de Gelo, El Chalten, Jan 2008

Em janeiro de 2008 fui pelo CAP (Clube Alpino Paulista) fazer o famoso curso de gelo. Tinha acabado de fazer o CBM (Curso básico de montanhismo) e tinha me saído bem, então achei que deveria arriscar e fazer logo o curso de gelo. Digamos que sou um pouco ansiosa e imediatista e não gosto de esperar muito tempo pras coisas acontecerem...tá, talvez um defeito meu que eu tenha que trabalhar...quem sabe nessa ou na próxima vida...mas resolvi fazer o curso assim mesmo.

Foram 11 dias desde a saída de El Chaltén. Começamos com
uma caminhada sob chuva até Piedras del Frayle, e no mesmo dia um porteio, que o Daniel fez questão de colaborar. No outro dia mais um porteio até a Playita, contra um famoso vento Patagônico e por fim 4 dias chuvosos naquele lugar que deve chover 365 dias por ano.

O primeiro dia foi de treino na língua do glaciar e uma caminhadinha bonita pelas morainas. Já de cara rolou um acidente, com o Robson destruindo o joelho e escorregando sei lá eu quantos metros gelo abaixo com a cara pra baixo e fazendo um talho na mão. Por sorte a Sueli salvadora apareceu com empanadas no final do dia e de quebra já suturou a mão do Abileck.

No dia seguinte, enquanto Abileck descansava, caminhamos para mais um treinamento, sob tempo castigador. No outro dia o tempo estava tão ruim que nem nos demos ao trabalho de sair da barraca, no máximo uma saídinha pra fazer uma social na tenda cozinha.

Coitados dos turistas que estavam pagando mais de 1000 doletas pra fazer a expedição e tiveram que voltar de lá mesmo depois de 4 dias trancados nas barracas, já que não tinham uma área cozinha que nem a nossa.
Finalmente no outro dia conseguimos uma brecha no tempo (ainda nublado, mas sem chuva) e levantamos acampamento. Subimos o Glaciar Marconi debaixo de muito sol. Um dia lindo mesmo. Depois de uma longa caminhada, finalmente avistamos o refúgio Chileno e nos acomodamos lá.

Tinha um grupo de argentinos, foi quando conhecemos o Julian. Estava p... pq alguém tinha levado a comida do grupo dele embora e eles tinham ficado sem comida pra fazer a travessia do Hielo Continental.

Nos acomodamos no refúgio e lá ficamos mais alguns dias. Um dia tentamos sair pra fazer um acampamento base na base do Gorra Blanca, mas pegamos uma tempestade impossível, acho que uma das piores que já experimentei. Fomos até lá e voltamos. O grupo nessa hora se dividiu, alguns queriam acampar no gelo, outros preferiram ficar no abrigo e pela maioria voltamos pro abrigo.

Voltamos e o abrigo estava ocupado por um grande grupo de alemães, uns mais novos outros mais velhos, guiados pelo sócio do Julian. Foi aí que conhecemos o Diego. Tbm iam tentar o Gorra Blanca e mais tarde ficamos sabendo que tbm não conseguiram.

Fizemos alguns treinamentos básicos de auto-seguro em neve e umas demonstrações de resgate em greta, mas por causa do tempo, que estava muito ruim, realmente não conseguimos avançar muito nas técnicas. Deu pra ver e experimentar um pouco, mas nada de mais. Até guiei um pouco na área gretada na volta, mas muito pouco.

Aliás, o dia da volta foi bizarro. Saímos bem cedo, debaixo de tempestade. Mas mais próximo ao glaciar o tempo estava ótimo. Chegamos à Playita e estava o mesmo frio chuvoso de sempre. Tenho certeza de que chove 365 dias por ano naquele lugar. Esperamos o povo todo chegar (sim, tinha um pessoal com o joelho ruim e que por isso estava andando mais devagar) e seguimos de volta.

O Daniel apressado já tinha partido, com o intuito de arrumar uma van ou um onibus pra gente voltar pra cidade. E lá estava ele feliz e contente tomando um cafézinho qdo o primeiro de nós chegou ao Piedras...e alguns de nós carregando 35 kg (inclusive eu com meu 1,60 m).

O importante é que chegamos lá e conseguimos arrumar umas motinhos pra levar as mochilas mais pesadas e conseguimos organizar uma van pra levar a gente até a cidade.

Foram 13 horas caminhando sem parar e ao chegarmos na cidade, não havia vaga em albergue nenhum, todos os restaurantes que aceitavam cartões já estavam fechados e ninguém tinha plata viva. Por sorte, os argentinos são muito gente boa e o Sebastina dos Ayslen-Aiken deixou todos nós (estávamos em 11) dormirmos no chão do albergue dele (sem banho aquela noite ainda) e um dos restaurantes viu nossa cara de cachorro sem dono e nos aceitou apesar de já estarem fechando.

Apesar do curso não ter sido tão construtivo qto esperávamos, mesmo pelo caráter de expedição que ele teve (ok, fomos cobaias, admito!), foi uma excelente viagem e me diverti a beça.

El Chalten, 2008, basic mountaineering course

In 2008, I decided to take the introductory mountaineering course given by the Paulista Alpine Club. It was a great trip as a trip itself, but I admit that the course itself wasn't the greatest, due to the expeditory character of the trip. We (read we - students) were used as lab rats, but we had all been warned and we were aware that things could go wrong as a course itself.

Anyway, it was an amazing trip into the snow. We were away for 11 days, 4 in lousy rainy weather, waiting for the conditions to clear and try to do some training, which didn't happen, so we carried on under the weather anyway. Then, finally we managed to get some better weather and went up into the Hielo Continental, walking up the Marconi Glacier.

We spent a few days in the Chilean Hut, awaiting for better weather conditions to climb the Gorra Blanca. Of course the good weather never came, so in the meantime we did some training. Nothing major, really, just a few crevasse rescue techniques, but mainly en passant...

After a few days waiting, when we were about to run out of food, we decided to abort the mission and head back. Again, under shitty weather, we walked straight back into town to get some rest and then try another mountain.


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